Se você adiciona muitas verduras e grãos no prato pensando que está seguindo a dieta paleolítica, pense novamente — cientistas analisaram genes, resquícios em dentes fósseis e até sangue em armas pré-históricas para descobrir que os humanos do passado eram super carnívoros e superpredadores, passando 2 milhões de anos comendo muita, muita carne.
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Muitos dos problemas nas pesquisas dos últimos anos é que elas levam em conta sociedades pré-agrícolas modernas, onde caçadores-coletores de fato se alimentam de vários frutos e verduras. O mundo mudou muito nos últimos milhares de anos, e, no passado, havia muito mais mamíferos e menos verde, especialmente na Era do Gelo. Como, então, revelar a dieta do passado?
A verdadeira dieta paleolítica
Os cientistas das Universidades de Minho, em Portugal, e Tel-Aviv, em Israel, reconstruíram 2,5 milhões de anos de ossos humanos e dentes, descobrindo que estávamos no topo da cadeia alimentar como predadores ativos até 12.000 anos atrás. Isso foi difícil, já que restos de plantas não se preservam tão bem como dentes, ossos e conchas de animais.
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Análises químicas que mostram a presença de plantas na dieta de alguns humanos do passado já foram feitas, mas também não podem ser extrapoladas para toda a humanidade. Como, então, saber a frequência de consumo dos humanos pré-históricos? Parte da resposta está nos genes.
O metabolismo, a composição física e a genética do corpo humano podem dizer muitas coisas. Comparados com outros primatas, nossos corpos precisam de muito mais energia por unidade de massa corporal, especialmente o cérebro.
Nosso tempo social também limita o tempo que podemos gastar indo atrás de comida, especialmente porque precisamos cuidar dos bebês por muito tempo até se tornarem independentes. O comportamento humano muda rápido, mas o corpo evolui devagar, e deixa sinais desde a antiguidade.
Temos reservas maiores de gordura no corpo, e conseguimos usá-la rapidamente ao transformar gorduras em cetonas quando necessário. Diferente de outros onívoros, nos quais a reserva de gordura das células é pouca, mas grande, a nossa é pequena, mas numerosa, como as dos predadores da natureza. Nosso sistema digestivo também é parecido com o dos animais do topo da cadeia alimentar.
Nosso ácido estomacal forte é tudo o que precisamos para, naquela época, quebrar proteínas e matar bactérias nocivas de um bife de mamute decaindo há uma semana. Áreas do genoma humano, inclusive, foram “fechadas” para permitir uma dieta rica em gordura, enquanto os chimpanzés deixaram tais áreas abertas, garantindo que o corpo se sustente com uma dieta rica em açúcares.
Tudo isso concorda com a época do Pleistoceno, definitiva para nós, humanos. Em seu final, há 11.700 anos, estávamos nos espalhando pelos quatro cantos do planeta, superando todos os hominídeos da nossa árvore evolucionária. À época, a maior parte da América do Norte e Europa estava sob o gelo, e grandes mamíferos rondavam, de mamutes a mastodontes, tigres-dentes-de-sabre e preguiças-gigantes.
Os Homo sapiens, junto aos primos Homo erectus, ficaram bastante carnívoros na cadeia alimentar há cerca de 2,5 milhões de anos, com o comportamento moderno de caçador-coletor só mudando quando os grandes animais se extinguiram e o clima permitiu o plantio, fragmentando as culturas humanas e valorizando o sedentarismo.
Isso não quer dizer que devemos comer mais carne ou só carne, mas a descoberta pode ajudar a entendermos melhor a saúde humana, mesmo porque o mundo não é mais o mesmo do Paleolítico. Precisamos trabalhar com a saúde e fisiologia humana, mas também pensar em nossa influência no meio ambiente enquanto ainda há tempo de preservá-lo.
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