Cachorros são um dos exemplos mais claros da diferença entre indivíduos da mesma espécie, com uma alta variação de aparência entre raças, mas também de comportamento. Até mesmo em memes, humanos caracterizam chihuahuas como cães de muita personalidade, ferocidade e atitude, ao contrário de raças grandes como os são-bernardos.

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Mas o que causa essa diferença? Em geral, nos mamíferos, o tamanho do cérebro está relacionado à cognição, com órgãos maiores conferindo mais capacidade. Nos cachorros, no entanto, pesquisadores indicam que a correlação pode ser inversa — eles, afinal, têm um cérebro 20% menor, em média, do que o de seus ancestrais lobos, e conseguem vencê-los em algumas habilidades cognitivas.

Raças de cachorro, cérebro e comportamento

A pesquisa foi feita por um conjunto de cientistas das Universidades de Montpellier, Zurich, Museu de História Natural de Berna e outras instituições. Foram estudados 1.682 cães de 172 raças diferentes, buscando ligações entre comportamento, função da raça (para que foi criada) e volume endocranial relativo (VER), um indicador de tamanho relativo do cérebro.


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Cães pequenos parecem ser os que mais têm personalidade — qual a relação entre o tamanho de seus cérebros e o comportamento? (Imagem: Daniel Leżuch/Unsplash)
Cães pequenos parecem ser os que mais têm personalidade — qual a relação entre o tamanho de seus cérebros e o comportamento? (Imagem: Daniel Leżuch/Unsplash)

Os resultados mostraram uma correlação relevante entre o volume endocraniano e a função da raça, o tamanho do corpo, a linhagem ancestral e o formato do crânio. A questão é que a correlação entre o VER e o formato do crânio dos cachorros se mostrou muito fraca — o formato do crânio, então, não é um bom indicador do tamanho do cérebro que ele contém.

Quanto maior o volume, maior é o medo, agressividade, busca por atenção e ansiedade de separação dos cães, mas isso tudo diminui com treinamento, segundo a pesquisa.

Curiosamente, as raças pequenas, tipicamente criadas para fazer companhia, possuem o maior tamanho relativo de cérebro comparado com massa corporal, enquanto as grandes raças, criadas para trabalho, geralmente selecionadas para a guarda, resgate e policiamento mostraram ter um menor REV.

Quanto maior a capacidade cognitiva do cão, menor o seu cérebro, segundo os resultados da pesquisa (Imagem: Jordan Davis/Unsplash)
Quanto maior a capacidade cognitiva do cão, menor o seu cérebro, segundo os resultados da pesquisa (Imagem: Jordan Davis/Unsplash)

Essa correlação inversa sugere que tarefas complexas, tradicionalmente associadas a maior cognição, não requerem cérebros grandes nos cachorros. Comportamentos cooperativos, além disso, não mostraram nenhuma relação com o tamanho do cérebro. Os resultados têm várias implicações para a criação de cães.

Ao entender a relação entre tamanho do cérebro e capacidade dos bichos, os criadores de cães poderão planejar melhor quais aspectos podem ser atingidos ao cruzar espécies com tendências cognitivas maiores ou menores, não tendo que se basear apenas em tamanho ou força.

No futuro, estudos com mais cães poderão revelar como as habilidades cognitivas (ou inteligência) dos animais evoluem em resposta a influências do ambiente ou da sociedade, bem como técnicas mais aprofundadas, como neuroimageamento, por exemplo.

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