Cientistas planetários liderados por Troy Tsubota, da Universidade da Califórnia, emitiram um alerta de tornado — mas em Júpiter. Eles descobriram que há vórtices magnéticos distorcendo a atmosfera do planeta do topo ao seu interior, criando anticiclones tão grandes que alcançam o tamanho da Terra. 

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Na verdade, os anticiclones são conhecidos desde a década de 1990, quando foram observados pela primeira vez com o telescópio Hubble. Estas tempestades são visíveis somente na luz ultravioleta e aparecem como formas ovais escuras de névoas densas e aerossolizadas na estratosfera do gigante gasoso.

Agora, Tsubota e seus colegas descobriram que tais ovais vêm dos tornados magnéticos, que são produzidos através da fricção entre as linhas do forte campo magnético do planeta. Assim como acontece na Terra, as linhas convergem nos polos do planeta e direcionam partículas eletricamente carregadas para lá. 


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Júpiter observado pelo Hubble em ultravioleta; um oval aparece em meio à nevoa em tons de marrom, enquanto a Grande Mancha Vermelha tem tom azul escuro (Imagem: Troy Tsubota and Michael Wong (UC Berkeley)/Hubble Space Telescope)

Isso significa que Júpiter também produz auroras boreais, mas elas são visíveis só na luz ultravioleta, a qual não pode ser vista pelos olhos humanos. Então, a presença de fenômenos temporários como os ovais nos polos sugeria que havia alguma relação entre o campo magnético e o fenômeno, assim como acontecia com as auroras. 

Tsubota e outros pesquisadores investigaram o mistério da origem dos ovais. Eles se voltaram para o toro de plasma de Io, uma espécie de anel de partículas eletricamente carregadas disparadas por Io, a lua vulcânica de Júpiter. Para o cientista planetário Tom Stallard, era ali que estava o segredo. 

Ele suspeitou que a fricção entre as linhas do campo magnético no toro, e aquelas mais próximas da ionosfera do planeta (onde há cinturões de radiação com mais partículas carregadas) poderiam estar por trás da formação dos vórtices magnéticos na estratosfera joviana. Depois, os tornados magnéticos estariam agitando os aerossóis na parte inferior da atmosfera, criando uma névoa que absorve o ultravioleta e forma o oval observado.

Io, a lua vulcânica de Júpiter (Imagem: Reprodução/NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS/E.Wälimäki © CC)

“A névoa nas formas ovais escuras é 50 vezes mais espessa do que a concentração típica”, comentou Xi Zhang, outro coautor. “O que sugere que ela provavelmente se forma devido à dinâmica de vórtices em redemoinho, em vez de reações químicas desencadeadas por partículas de alta energia da atmosfera superior.”

Segundo ele, as observações indicam que o momento e o local em que os ovais escuros aparecem não têm relação com as explosões das partículas carregadas. Além disso, as estruturas parecem se formar em cerca de um mês, mas se dissipam em poucas semanas. Como aparecem com regularidade, os pesquisadores suspeitam que Júpiter está bem no meio do seu próprio “corredor” de tornados magnéticos.

O artigo que descreve as descobertas foi publicado na revista Nature Astronomy.

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