Teste: Porsche Macan elétrico é tão forte que deveria ter receita médica

Quem já teve a oportunidade de acelerar um carro elétrico sabe que, mesmo os menos potentes, como os compactos JAC E-JS1 e BYD Dolphin Mini, têm na entrega imediata do torque um diferencial para os modelos a combustão.

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Basta cravar o pé no acelerador que toda a força do propulsor é entregue de uma só vez. E, como dissemos, por menor que ela seja, muitas vezes é suficiente para deixar imponentes picapes ou SUVs a combustão para trás em uma saída do semáforo, por exemplo — mesmo que por pouco tempo.

No caso de modelos esportivos, como o Porsche Macan elétrico, que acabou de chegar ao Brasil, a aceleração e a entrega imediata do torque são tão impressionantes que o carro da marca premium alemã deveria ser vendido com um alerta ou, até mesmo, com “receita médica”, principalmente se o motorista for suscetível a enjoo ou tontura.

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Minha sugestão, após o primeiro teste ao volante do “monstro” em sua versão topo de linha, Electric Turbo, com direito a “algumas” arrancadas para verificar se ele chega mesmo de 0 a 100 km/h em 3,3 segundos, é simples: “Acelere com moderação”. Entenda porquê o Porsche Macan elétrico de 639 cv deveria ser vendido com “prescrição médica”

Macan Turbo Electric é um verdadeiro “foguete” (Imagem: Paulo Amaral/)

Torque “cavalar” assustou jornalista

A prova de que o torque imediato do Porsche Macan Electric Turbo pode ser perigoso para quem não estiver preparado para aguentar o tranco de 115,2 kgf/m entregues ao cravar o pé no acelerador foi dada durante o teste do CT Auto.

Como de costume, a organização dividiu os jornalistas em duplas para usar um número menor de carros no evento e ter maior controle. Um colega do setor automotivo resolveu testar a potência do Macan Electric Turbo com o overboost, ou controle de largada, disponível apenas quando o modo de condução “Sport Plus” é ativado . E sentiu na pele o que os 639 cavalos e o torque colossal podem causar.

“Achei que fosse desmaiar”, brincou o companheiro de imprensa, que terá o nome preservado por questões óbvias, após experimentar, na prática, o quanto o Porsche Macan elétrico é impressionante em sua arrancada da inércia até atingir os primeiros 100 km/h no hodômetro digital.

A “patada” e a rapidez para chegar aos 100 km/h em apenas 3,3 segundos, porém, não foi o ponto alto da experiência de dirigir o Macan Electric Turbo por cerca de 40 quilômetros, boa parte deles em rodovias. O melhor ainda estava por vir…

Potência não é nada sem controle

Sempre costumo repetir — quando o carro é merecedor, claro — o antigo slogan de uma marca de pneus que afirmava, com uma voz em tom grave, em seus comerciais de TV: “Potência não é nada sem controle”. E o Porsche Macan provou que o jargão popular está correto.

Dimensões do Porsche Macan elétrico não tornaram o SUV um carro difícil de dirigir (Imagem: Paulo Amaral/)

O “monstro” de 4,78 metros de comprimento e 2,89 m de entre-eixos mostrou o porquê, segundo os executivos da marca, é ainda mais impressionante que o modelo a combustão. Durante a apresentação, antes mesmo do test-drive, a promessa dos executivos foi clara: “É um carro com tração integral, mas com o comportamento de Porsche que todos esperam”.

E o que se viu, na prática, foi exatamente o que a Porsche mostrou na apresentação. O Macan elétrico deu um verdadeiro show de equilíbrio e comportamento dinâmico, com respostas ágeis e diretas direção o menor comando da direção. O Macan elétrico tem a suspensão excepcionalmente acertada e roda com extrema suavidade, especialmente na versão turbo.

A variante intermediária (Macan 4), embora tenha “apenas” 448 cv, entrega o mesmo prazer, segurança e uma estabilidade impressionante nas curvas, com rolagem mínima de carroceria. Ponto para os engenheiros, que posicionaram um dos motores elétricos atrás do diferencial e equiparam o carro com eixo traseiro direcional, que esterça as rodas traseiras em até cinco graus.

Calibração da suspensão se mostrou extremamente correta nas duas versões testadas pelo CT Auto (Imagem: Paulo Amaral/)

O resultado de todo esse trabalho da engenharia da Porsche? Um SUV que, embora de dimensões generosas e com o peso extra das baterias, tem o centro de gravidade baixo, a tocada feroz na acelerada, mas segura em todos os momentos.

Autonomia é arma para o sucesso

Além da potência absurda do motor, do comportamento dinâmico irretocável e do torque imediato “causador de desmaios”, há um outro ponto, não menos importante, a se destacar no Macan elétrico.

Família Macan no Brasil agora tem oito versões, quatro elétricas e quatro a combustão (Imagem: Paulo Amaral/)

O SUV, que se junta à família que vendeu quase 845 mil unidades globalmente desde 2014 e por isso, é o modelo que “mais clientes levou para a Porsche” na história, segundo os executivos, tem baterias com capacidade para satisfazer até mesmo os que mais sofrem com “ansiedade de recarga”.

De acordo com os números oficiais, o Macan elétrico, construído sobre a plataforma arquitetura Premium Platform Electric (PPE), a mesma do Audi Q6 e-tron, oferece bateria de 100 kWh para toda a gama, com 95% de capacidade real. Ela dá ao modelo autonomia entre 435 e 443 km por ciclo, já segundo o Inmetro, e recupera de 10 a 80% de carga em apenas 21 minutos.

Na rápida experiência ao volante das versões 4 e Turbo, o CT Auto comprovou que a eficiência energética da nova geração do Macan é realmente impressionante, e o consumo real tem tudo para ser fiel ao que o Inmetro aferiu.

Coeficiente de arrasto é o segredo (um deles) da eficiência do Macan elétrico (Imagem: Paulo Amaral/)

Para os executivos, um dos segredos está no design do carro, que é diferente da versão a combustão. Essa alteração na construção influenciou diretamente no coeficiente de arrasto, que é de 0,25, contra 0,35 da tradicional. A “pequena” mudança, segundo a Porsche, resultou em um ganho de 85 km por ciclo de carga para o Macan elétrico. Mais um motivo para se preparar e pegar a “receita médica” para pisar fundo no luxuoso SUV alemão, não é mesmo?