Nas últimas semana, alguns estados brasileiros vêm enfrentando uma onda de calor intensa, com destaque para São Paulo e o Rio de Janeiro, dois dos maiores polos urbanos do país. Nessas circunstâncias, o ar-condicionado reina absoluto como a opção número 1 da população para combater altas temperaturas – mas e quanto a alternativas como o isolamento térmico?
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O isolamento térmico ainda é algo pouco explorado no Brasil que pode deixar nossas casas mais frescas sem gastar energia com ar-condicionado. O conversou com alguns especialistas no assunto para entender como funciona a alternativa e o porquê ela ainda não recebe tanta atenção dos brasileiros. Confira:
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O que é isolamento térmico?
O isolamento térmico é uma técnica de edificações utilizada para conter as variações de temperatura em um determinado ambiente. A partir do uso de diversos materiais, é possível evitar a troca de calor entre o lado externo e o interno, garantindo um clima mais confortável sem precisar depender de um ventilador ou ar-condicionado.
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Rafael Baptista é engenheiro civil e Diretor Técnico na Skandi Engenharia, empresa especializada em projetos com foco em isolamento térmico. Ele contou ao um pouco sobre os desafios e complexidades relacionados ao seu ofício, destacando que cada projeto é individualizado e precisa se basear nas características climáticas do local em questão.
“Se o projeto não for adaptado à região, ele pode gerar mais desconforto térmico do que conforto. Como exemplo, podemos citar uma casa com muitas janelas para o norte e para o oeste, o que permite uma insolação muito grande no interior da residência. Quando o isolamento térmico é forte, todo esse calor que entra pela janela será mantido lá dentro, transformando a casa em uma estufa”.
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Contudo, a prática não se limita somente a estruturas construídas do zero. Baptista reforça que projetos que já visam tais necessidades tendem a gerar menos custos no fim da obra, mas reformas também são possíveis – apesar de serem mais caras.
Tanto residências quanto prédios podem ser adaptados para reter o clima ambiente, seja de forma parcial ou total.
Por isso, os custos do isolamento estão relacionados à área total que precisará ser isolada e dos materiais que serão utilizados. Apesar de ser possível aplicá-lo apenas em partes pela casa, Baptista aponta que os resultados mais satisfatórios dependem de uma instalação completa – o que contempla piso, alvenaria, janelas e telhado.
“O mais importante de tudo é o conjunto. Existem várias soluções específicas que são vendidas dessa forma, e o dono da edificação acaba gastando um bom dinheiro nelas, mas isso não resolve todo o resto. Assim, ele não tem o resultado esperado. No Brasil, o padrão é adotar fragmentos, o que acaba deixando muitas lacunas de conforto e gera um grande desperdício de dinheiro sem alcançar eficiência”.
Por que ainda é pouco valorizado no Brasil?
Para Adriano Dorigo, Sócio-diretor da Logi Arquitetura e Professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo, existem diversos fatores que interferem na popularização do isolamento térmico no Brasil e nem sempre eles estão diretamente ligados aos custos do projeto.
Para começar, Dorigo aponta a falta de conhecimento da população em respeito aos benefícios da técnica.
“As pessoas não sabem o que significa, e a melhoria de bem-estar que terão com uma moradia que não sofra tantas variações térmicas internas. (…) Esse investimento é direcionado para uma vida mais confortável e saudável, então acaba sendo algo mais voltado para bem-estar do que para números”.
Já em relação aos custos, Dorigo comenta que os brasileiros ainda não conseguem enxergar o investimento a longo prazo.
“Há uma cultura de imediatismo. Muitas vezes, opta-se por gastar menos agora, sem se levar em conta os benefícios futuros. Como um bom isolamento térmico exige algum investimento, em várias situações acaba sendo deixado de lado”.
Por fim, Dorigo destaca a falta de incentivos governamentais em relação ao isolamento térmico, que também seria benéfico em termos sustentáveis.
“Uma edificação bem isolada termicamente consome menos energia, pois equipamentos de climatização como ar-condicionado serão menos utilizados”.
Isolamento térmico substitui ar-condicionado?
Tanto Baptista quanto Dorigo reforçam que o isolamento térmico não substitui por completo o uso de ar-condicionado, mas reduz consideravelmente sua necessidade. Como o clima da casa fica mais agradável, as pessoas acabam ligando menos o aparelho, deixando-o apenas para momentos específicos e casos isolados.
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Em termos de economia, esse é um ponto crucial a ser considerado. O ar-condicionado eleva consideravelmente a conta de luz quando usado com frequência e esse é um gasto que não será reduzido com o passar do tempo.
O isolamento térmico gera custos elevados de início, mas acaba se pagando com o passar dos anos.
Até mesmo quem optar por usar ar-condicionado nessas circunstâncias poderá notar uma melhora significativa na conta de luz, podendo ser reduzida em até 30%, segundo Baptista. Em épocas de picos de temperaturas extremas, esses detalhes certamente fazem bastante diferença do ponto de vista financeiro e no que diz respeito à qualidade de vida.
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