Como terremotos em áreas distantes podem afetar o Brasil

Incidentes como o alarme falso de terremoto em São Paulo e Rio de Janeiro certamente fizeram muitos brasileiros pensarem: afinal, há terremotos no Brasil? Na verdade, há sim, embora não costumem ser fortes, dado que o país está distante das bordas da placa tectônica sul-americana. Mas você sabia que mesmo terremotos distantes podem nos afetar?

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É o caso, por exemplo, de um terremoto de magnitude 7.4 na Escala Richter que abalou o Chile em 2024, tendo sido sentido no estado de São Paulo. O fenômeno não é exclusividade dos paulistas, mas é mais fácil que os afete por uma série de fatores. Como, afinal, os tremores longínquos chegam até o Brasil?

Terremotos distantes e o Brasil

Em entrevista ao Observatório Nacional, órgão governamental brasileiro, Eveline Sayão, mestra em geologia e pesquisadora do Observatório Nacional no Projeto Rede Sismográfica Brasileira comentou sobre o que acontece quando terremotos distantes acabam abalando a nossa terrinha.

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A Placa Tectônica Sul-americana tem suas bordas distantes do Brasil, impedindo que grandes tremores afetem o país — mesmo assim, sismos são sentidos por diversos fatores (Imagem: CPRM/CGMW)

No caso de São Paulo, é possível sentir terremotos ocorridos na região dos Andes — isto é, dependendo da profundidade e magnitude — por conta da localização do estado em uma bacia sedimentar, uma característica geológica que amplifica as ondas sísmicas.

Pessoas que estão em prédios ou bairros altos possuem um agravante nesse sentido, já que os tremores afetam mais essas regiões, bem como o horário: no caso do terremoto chileno, que foi à noite, muitas pessoas já estão descansando em casa, ficando mais propensas a sentir os sismos. Apesar do que temos no imaginário popular, não é tão raro que terremotos sejam sentidos pelo Brasil.

Desde 1906, mais de 50 terremotos longínquos afetando a costa sul-americana já foram sentidos por aqui, todos de magnitude superior a 5. Cerca de 80% foram em profundidades superiores a 100 km, e a maioria é sentida em São Paulo, Paraná e Santa Catarina, com outros estados figurando mais abaixo na lista.

Vale lembrar que o Brasil, apesar de estar longe das bordas de placas tectônicas, ainda possui diversas falhas geológicas que deixam o país propenso a alguns tremores. Via de regra, os terremotos no Brasil não passam de 4.0 na escala Richter, com uma exceção sendo o terremoto de 1955, no Mato Grosso, que chegou a 6.6 graus, mas não deixou vítimas ou grande dano na região.