O mercado de games se expandiu de uma forma que, hoje, é impossível ignorar que já se tornou um pilar do entretenimento global. Com uma receita anual prevista que supera US$ 200 bilhões, os games ultrapassam os setores mais tradicionais como o audiovisual.

Porém, não se trata de uma competição, mas de sinergia entre indústrias. Isso fica evidente em obras como The Last of Us, da HBO, e Super Mario Bros: O Filme, que conquistaram audiências em múltiplas plataformas. Outro exemplo é Arcane, a série animada da Riot Games, que não apenas redefiniu padrões visuais, mas também se tornou a animação mais cara de todos os tempos, com um orçamento de US$ 250 milhões! Um investimento que só foi possível pois a Riot conhece o quão fiel é o público de League os Legends, além de ter confiança no potencial das histórias dos personagens (o que os gamers chamam de “lore”) para conquistar o público que nunca teve contato com o jogo.

A estimativa é que o mercado global de videogames alcance US$ 490,81 bilhões até 2033, enquanto o setor de eSports deve atingir US$ 5,27 bilhões em 2029, segundo a The Brainy Insights. Esses números são impulsionados por fontes como patrocínios, direitos de mídia, merchandising e publicidade, refletindo o papel central dos games como forma de entretenimento.


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Nos Estados Unidos, a indústria emprega mais de 1 milhão de pessoas e contribui com US$ 5 bilhões para a economia. Mas esse fenômeno econômico global também se reflete na cultura e comportamento social, e essa é a característica mais interessante dos games como potência transformadora.

O mercado gamer no Brasil

O Brasil é considerado um dos mercados mais promissores no universo gamer. O país é o quinto maior do mundo em número de jogadores e ocupa a décima posição em receitas, movimentando US$ 2,7 bilhões em 2022, com previsão de chegar a US$ 3,5 bilhões em 2025, conforme dados da consultoria Newzoo. Ainda assim, a maior parte das receitas é gerada por empresas estrangeiras.

A Pesquisa Game Brasil 2024 revelou que 73,9% dos brasileiros jogam jogos eletrônicos, um crescimento de 3,8 pontos percentuais em relação a 2023. Há também avanço significativo no desenvolvimento local: o Brasil possui 1.042 estúdios de games, que faturaram US$ 252,6 milhões em 2022, representando quase 10% do consumo total dos jogadores. O número de estúdios cresceu 177% nos últimos cinco anos, com 93% deles criando propriedades intelectuais próprias.

Segundo a Abragames, 45% desses estúdios têm entre 5 e 15 anos, indicando maior maturidade no setor. No entanto, 65% das empresas também possuem receitas provenientes do exterior, demonstrando uma integração com o mercado global e um grande potencial para crescimento interno.

Transmídia e o poder de conexão

O universo gamer ultrapassa as telas e se desdobra em uma rica experiência transmídia, onde jogos influenciam e são influenciados por outros meios, como cinema, música e séries. Mais do que um entretenimento, os games tornam-se um fenômeno cultural e social.

A geração Z e a Alpha, conhecidas como “geração Roblox” ou “geração Minecraft”, enxergam os jogos como espaços de conexão e expressão pessoal. Nos jogos online, já não é novidade ver eventos como shows e casamentos, reafirmando que os games servem como um verdadeiro tecido social.

A experiência de jogar está cada vez mais ligada à interação social. A economia de criadores possibilita que os gamers contribuam ativamente com conteúdo e opinião, e essa dinâmica reflete uma mudança geracional no comportamento social e no consumo. Os pais de hoje já não encaram os games com um olhar de desaprovação, mas como oportunidade de partilhar um tempo de qualidade com os filhos, trocando experiências e vivendo momentos nostálgicos com os games que marcaram suas infâncias, além de aprender sobre os títulos que ganham a geração Alpha.

Comportamento e consumo no universo gamer

Os jogos também influenciam os hábitos de consumo. Dados da Newzoo mostram que os gamers são mais receptivos a campanhas publicitárias, especialmente de setores como alimentos, bebidas energéticas, artigos esportivos e serviços de entrega. Isso explica o crescente interesse de marcas em anunciar nos jogos, seja por meio de campanhas in-game ou publicidade tradicional.

A interseção entre consumo de games e mídias relacionadas também é significativa. Enquanto 76% dos gamers jogam, 54% acompanham conteúdos de vídeos, incluindo transmissões ao vivo e vídeos sob demanda. Redes sociais como YouTube, WhatsApp, Instagram e TikTok são os principais canais de engajamento dessa audiência. Além disso, os jogos também inspiram interesse em temas diversos como tecnologia, cinema, autocuidado e viagens.

Com a maior integração de tecnologias imersivas, como realidade virtual, e avanços na economia de criadores, a tendência é que os games se tornem ainda mais centrais na experiência de entretenimento global. No Brasil, o potencial de crescimento é imenso, especialmente com o aumento do desenvolvimento local e o engajamento de jogadores de todas as idades.

Os games transcenderam a ideia de entretenimento e se estabeleceram como uma linguagem universal que conecta pessoas, inspira mudanças e reflete a pluralidade da sociedade contemporânea. Eles transformam o modo como consumimos, interagimos e até enxergamos o mundo. Do impacto econômico às narrativas que desafiam estereótipos, os games mostram que, mais do que produtos, são experiências que moldam identidades, impulsionam inovação e pavimentam o futuro do entretenimento. E à medida que essa indústria evolui, ela nos convida a explorar novos mundos, repensar nosso papel como protagonistas e imaginar as infinitas possibilidades que ainda estão por vir.

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