Ao estudar o maior evento de extinção em massa do planeta — o final do Período Permiano, há 252 milhões de anos —, cientistas descobriram como antigos ancestrais e parentes dos atuais anfíbios, como os sapos e rãs, sobreviveram à catástrofe, que eliminou até 90% de todas as espécies vivas do planeta.

Publicado no periódico científico Royal Society Open Science, o estudo seguiu a trajetória dos temnospondyli, uma categoria de anfíbios que tinha uma dieta generalista, ou seja, podia se alimentar de uma vasta gama de animais. Segundo os cientistas, esse elemento foi a chave de sua sobrevivência, bem como o habitat localizado em água doce.

Anfíbios do passado e a extinção

A ciência já sabia que os temnospondyli haviam sobrevivido à extinção do Permiano, mas não como. Eles eram predadores que se alimentavam de peixes e outras presas, mas eram ligados à água assim como os anfíbios modernos, como rãs e salamandras. O clima, em seu tempo, era bastante quente, especialmente após a extinção em massa.


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Os temnspondyli foram anfíbios que prosperaram no Permiano e até mesmo suportaram a grande extinção em massa tranquilamente — eles só perderam espaço para os dinossauros e mamíferos (Imagem: James St. John/CC-BY-2.0)
Os temnspondyli foram anfíbios que prosperaram no Permiano e até mesmo suportaram a grande extinção em massa tranquilamente — eles só perderam espaço para os dinossauros e mamíferos (Imagem: James St. John/CC-BY-2.0)

No início do Triássico, após o evento, houve muita atividade vulcânica, gerando longos aquecimentos globais, aridez da terra, redução do oxigênio atmosférico, chuva ácida e incêndios florestais, deixando o ambiente bastante hostil. Isso levou os trópicos a esvaziarem de vida animal, virando uma “zona morta tropical”.

Os pesquisadores, então, avaliaram 100 temnospondyli que viveram nesse período para descobrir como sua ecologia teria mudado com a piora das condições climáticas — a surpresa veio quando descobriu-se que as criaturas não mudaram quase nada.

Seus corpos continuaram na mesma proporção, com alguns pequenos, se alimentando de insetos, e outros grandes, com focinhos compridos para caçar peixes ou largos para dietas generalistas.

O estudo descobriu que a distribuição dos temnospondyli continuou após a extinção do Permiano, mostrando a resiliência desses animais mesmo em condições extremas (Imagem: Mehmood et al./Royal Society Open Science)
O estudo descobriu que a distribuição dos temnospondyli continuou após a extinção do Permiano, mostrando a resiliência desses animais mesmo em condições extremas (Imagem: Mehmood et al./Royal Society Open Science)

Mais impressionante ainda foi a diversificação de corpos e funções corporais nos 5 milhões de anos seguintes, expandindo a variedade de animais após a crise. Apesar do sumiço dos animais dos trópicos, os temnospondyli conseguiram, aparentemente, cruzar a zona morta, o que provavelmente aconteceu durante períodos mais frios.

Os cientistas sabem disso pela presença de fósseis na África do Sul, Austrália, América do Norte, Europa e Rússia. Acredita-se que a baixa seletividade alimentar das espécies tenha ajudado em sua sobrevivência — eles comiam a maioria dos animais disponíveis e se escondiam em grandes corpos d’água.

Seu declínio só veio na metade do Triássico, quando ancestrais dos mamíferos e dos dinossauros começaram a dominar o planeta, eventualmente chegando à extinção.

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