“Um bater de asas de uma borboleta no Brasil poderia provocar um furacão no Texas.” Você provavelmente já escutou essa frase antes, mas sabe em qual contexto ela foi utilizada e os impactos gerados por ela nas áreas da matemática, ciências e filosofia? 

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A frase é creditada ao matemático norte-americano Edward Lorenz, que foi a primeira pessoa a utilizar a metáfora do efeito borboleta e inspirar estudos mais profundos sobre a teoria do caos. Lorenz simulava padrões climáticos quando percebeu que pequenas variações nos dados iniciais levavam a grandes diferenças nos resultados finais. 

Essa observação o fez chegar à conclusão de que variações, por mais insignificantes que pareçam, podem gerar alterações imprevisíveis no futuro — o que equivaleria a dizer que o vento gerado pelo bater de asas de uma borboleta seria capaz de causar um tufão do outro lado do mundo.


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A metáfora inspirou filmes e obras de ficção bastante famosas, como as Trilogias Efeito Borboleta e De Volta para o Futuro, além de virar tema de estudo e gerar debates importantes em diversas áreas do conhecimento. A seguir, entenda o que é a teoria do caos e como ela surgiu nos anos 1960. 

Efeito borboleta e a teoria do caos

Lorenz estudava modelos climáticos em um computador para determinar a previsão do tempo nos anos 1960, utilizando parâmetros como temperatura, umidade, pressão e direção dos ventos. Ele rodou uma primeira simulação, obteve resultados e os observou. Tempos mais tarde, ele introduziu os mesmos dados para conferir os resultados da primeira simulação, mas ficou surpreso ao perceber que, da segunda vez, a previsão estava completamente diferente da primeira.

Depois de analisar o motivo dessa diferença tão grande nas simulações, Lorenz percebeu que, na segunda vez, o seu computador estava arredondando os dados e considerando algumas casas decimais a menos. Essa pequena diferença nos parâmetros iniciais foi suficiente para gerar resultados muito distintos. Foi assim que Lorenz descobriu o caos

A partir daí a teoria do caos e o efeito borboleta surgiram. A teoria do caos explica o comportamento de sistemas dinâmicos que são sensíveis às condições iniciais — como é o caso do clima, por exemplo. Essas pequenas variações iniciais podem fazer com que o sistema tenha um comportamento complexo e imprevisível, embora eles sejam determinísticos, ou seja, regidos por leis matemáticas. 

O que é efeito borboleta? Entenda a metófora da teoria do caos (Imagem: Anne Lambeck /Unsplash)

O efeito borboleta é, na verdade, uma metáfora utilizada por Lorenz para explicar a ideia de que variações muito pequenas e que podem ser consideradas muitas vezes como insignificantes podem produzir mudanças enormes ao longo do tempo, provocando uma sensação de caos. 

Suponha que você está andando na rua e abaixe para amarrar o sapato. Atrás de você, um homem carregando um café quente não percebe sua presença, tropeça em você e derruba o café sobre si. Ele, então, se queima e precisa ir ao hospital. 

A ida ao hospital faz com que ele, que é piloto de avião, não consiga chegar a tempo ao trabalho e, por isso, o voo é suspenso. Um dos passageiros se casaria naquele dia, mas como o voo foi cancelado sua esposa ficou o esperando sozinha no altar. 

Outra passageira faria uma apresentação importante no trabalho, mas como não conseguiu chegar a tempo, não conseguiu a promoção que tanto esperava. Ainda, um terceiro passageiro cuja avó estava internada em estado grave não conseguiu chegar a tempo para dar seu último adeus. Perceba como uma única ação, que parecia inofensiva, gerou uma situação caótica e difícil de resolver. Esse é um dos princípios da teoria do caos. 

Afinal, pequenas ações poderiam mudar o destino do universo?

Agora que você compreende melhor a teoria do caos e o efeito borboleta, voltamos à pergunta inicial: pequenas ações poderiam mudar o destino do universo? A resposta, em certo sentido, pode ser sim. Sendo o universo um sistema complexo, pequenas variações podem, em certos contextos, levar a grandes diferenças na evolução de sistemas específicos. 

No entanto, isso não significa necessariamente que pequenas mudanças locais possam alterar o destino do universo como um todo, já que o caos não significa desordem e o universo obedece às leis da natureza. Além disso, por mais estranho que possa parecer, o caos também possui padrões, e isso é algo que Lorenz também observou. Nos cálculos do modelo utilizado pelo matemático, a trajetória criou um padrão que se parecia as asas de uma borboleta.

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