E se nosso universo estiver em um buraco negro? A possibilidade pode parecer inusitada, mas é o que suspeita Lior Shamir, da Universidade do Estado do Kansas, após analisar dados do telescópio James Webb. Ali, ele descobriu que há algo estranho na direção do movimento de 263 galáxias analisadas, o que traz implicações importantes.
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Shamir observou que 70% das galáxias da amostra giravam em sentido horário, e as demais, no sentido anti-horário. Isso é importante porque desafia a interpretação de que metade das galáxias do universo deveriam girar em um sentido, enquanto as outras seguiriam na direção oposta.

O motivo disso ainda não está claro, mas ele suspeita que há duas explicações principais. “Uma é que o universo nasceu em rotação. Essa explicação está de acordo com teorias como a cosmologia dos buracos negros, que descreve que todo o universo está dentro de um deles”, explicou.
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Universo em um buraco negro?
Em outras palavras, a descoberta reforça a Cosmologia de Schwarzschild, teoria que sugere que a Via Láctea está em um buraco negro. O objeto, por sua vez, estaria em outro universo. Se este for o caso, então os demais buracos negros já observados pelos cientistas seriam na verdade buracos de minhoca, ou seja, “atalhos” para outros universos.
Nikodem Poplawski, físico da Universidade de New Haven, concorda com a possibilidade. “Acho que a explicação mais simples para o universo em rotação é que o universo surgiu em um buraco negro em rotação”, sugeriu.
Neste caso, nosso universo teria uma espécie de eixo de rotação de preferência, que teria vindo do eixo do buraco negro original. “O eixo pode ter influenciado a dinâmica da rotação das galáxias, criando a assimetria do sentido horário e anti-horário observada”, completou. Se as descobertas forem confirmadas, então elas seriam mais um reforço à teoria de que buracos negros podem criar novos universos.

Por outro lado, as descobertas de Shamir também sugerem que a rotação da Via Láctea esteja influenciando a estranha distribuição da rotação das galáxias. É como se a velocidade à qual nossa galáxia gira em seu próprio eixo estivesse afetando as medidas dos outros objetos.
“Se esse for realmente o caso, precisaremos recalibrar nossas medições de distância para o universo profundo”, observou ele. “A recalibração das medições de distância também pode explicar várias outras questões não resolvidas na cosmologia, como as diferenças nas taxas de expansão do universo e as grandes galáxias que, de acordo com as medições de distância existentes, devem ser mais antigas do que o próprio universo”, finalizou.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
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